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2004-03-23

Faltam 110 dias

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A Cria está a crescer e engordar, os seus movimentos vão-se tornando mais complexos e manifesta sinais de sensibilidade. (dos livros)

No Domingo parei por alguns (poucos) minutos a correria do fim-de-semana para sentir a Cria, e ela correspondeu com suaves movimentos fetais.



Na Sexta-feira foi o meu dia. A já habitual visita ao infantário para comungar das habilidades carinhosamente preparadas pelos miúdos, á G cheguei quase fora de horas depois do D me ter monopolizado quase o tempo todo, a educadora dele tinha preparada uma actividade para os pais fazerem com os miúdos, no caso um instrumento musical com desperdícios domésticos, depois quis pintar um desenho em conjunto, muito a custo interrompi o desenho a meio e, passei á sala em frente, já não havia pais, lá me arranjaram uma mesa onde durante cerca de um quarto de hora pintei também um desenho com a G, já os outros pais tinham carimbado a árvore toda que lhes estava preparada, pareceu surpreendida e algo envergonhada, mas foi-se soltando e no fim já dizia alto para os colegas –É o meu pai, é o meu pai. (baba, minha) Deixei-a, já, amuada com a minha saída, ofereceu ao pai um copo pintado com os dedos, o D ofereceu-me um livro que ele minuciosamente ilustrou com a história do “Romance da raposa” também contada por ele (mais baba), tinha ido ver a história ao teatro recentemente.



No Sábado foi dia dos filhos, juntámo-nos á família Costa, cujo pai testemunhara comigo no dia anterior a visita ao infantário, almoçámos á pala deles e fomos arejar para o parque biológico. Sem ter dormido a sesta habitual, e depois de caminhar com gosto quase três quilómetros, a G adormeceu no carro e só acordou no dia seguinte, o D tendo a colega da sua idade, como sempre, quase não se deu por ele.





- O que queres ser quando fores grande ?

- Não quero ser nada, como o meu pai.
- Mas, tu tens que trabalhar.
- O meu pai também trabalha e não é nada.

Este diálogo passou-se entre o D e o avô, não é trágico, é apenas revelador da inocência de uma criança, quanto a mim resta-me a cumplicidade de Álvaro de Campos

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
...

(Tabacaria, Álvaro de Campos / Fernando Pessoa)




1 a 1

É neste momento o resultado desta liga interminável, os israelitas marcaram ontem a nosso favor, depois do desaire de Quinta-feira (11 de Março), empatando assim a refrega, os adeptos não ficaram satisfeitos pela forma como a equipa construiu o resultado, mas ficaram-se pelas assobiadelas habituais, aguarda-se agora ansiosamente a próxima jogada.
Bagdad entretanto tem-se mostrado um terreno favorável ao adversário, os Americanos tradicionalmente bons no jogo aéreo, onde não têm contendores á altura, no jogo rasteiro não têm dado conta do recado, só jogando em velocidade e em força, e ainda assim frequentemente surpreendidos no contra-ataque.




Pinceladas

Uma no Herman, que apesar de ver continuamente vaticinada a sua queda em desgraça, se mantém, sem concorrência á vista, como o exemplo mais completo de entertainer da nossa praça, ainda neste Domingo dei por mim deslumbrado (e invejoso) ao vê-lo tocar piano, não basta ser habilidoso, são precisas horas e horas e horas para fazer um piano balbuciar qualquer som que dê prazer a quem o ouve. As piadas até podem ser escritas por outros, mas o piano não é playback.

Outra no Abrupto, pela tribuna fantástica que abriu para a apresentação de pontos de vista sobre o atentado em Espanha, apesar de alguns mas... que seguramente se lhe pode apontar, como por exemplo, ...mas ele só escolhe os que quer publicar..., e mesmo não concordando com algum afiar de lâminas de alguns, ainda assim é reconfortante saber que há muita gente atenta e interessada ao que se passa fora do seu quintalzinho, gostei particularmente deste (perdoem-me o plágio ou a violação da correspondência ainda que electrónica):

“É inacreditável! O que aconteceu em Espanha deixou-me verdadeiramente assustado. A Europa, que infantilmente pensa que está fora do perigo terrorista, nem depois de um ataque como o de Madrid acorda e percebe que esta atitude reactiva é o convite para a repetição da matança dos inocentes. A minha pergunta é esta: quando o terror psicológico a que estamos cada vez mais sujeitos atingir os píncaros da loucura e do descontrolo, quando a vida se tornar verdadeiramente insustentável e insuportável pela pressão do medo, o que é que vai acontecer ao Mundo?
Terceira Guerra Mundial? Mas contra quem? Aonde?
Os terroristas não vão parar. Os E.U.A não vão parar. Enquanto isso pelo continente sul americano, africano e asiático a pobreza e a fome e a falta de motivos para se viver chicoteiam populações inteiras. Aonde é que tudo isto vai parar?
Cada vez mais penso naquela que é, por essência, a questão derradeira da filosofia:
(...) não há senão um único problema filosófico verdadeiramente sério: o problema do suicídio. Julgar que a vida vale ou não vale a pena ser vivida, é responder à questão fundamental da filosofia. (Albert Camus, Le Mythe de Sisyphe, Paris, Galimard, 1942)”


(Ivo Monteiro)

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