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2005-01-31

Mais difícil de responder que o clássico "De onde vêm os bebés?"

-Ó mãe quem vai morrer primeiro, és tu ou o pai?
Apetece perguntar logo - Porquê Daniel?, tentando perceber o que vai naquela mente, com uma aparentemente precoce preocupação com assunto tão fora do tempo (ou não?) para a sua meia dúzia de anos, no entanto para não dar muita importância ao assunto a resposta é directa, não se sabe explicou-lhe a mãe, completando com a única certeza é que não ficaremos cá para semente. Ele justificou então a sua dúvida, pensei que era a mãe como é mais velha.


Mostrou-me a proeza e sorriu, deixando ver o enorme buraco na dentuça provocado pela falta do incisivo superior que lhe dá um ar irresistível.

2005-01-29

O nelsom pai é´ meu Daniel

Boa noite Santanópolis

Quem assim se apresentou foram os irmãos Catita, no levanta-te e ri desta semana, pela voz do líder da banda e eterno candidato à Presidência da Républica M.J.Vieira, depois do Cavaquistão e do Guterrismo só mesmo esta para me fazer rir, seguiram-se três músicas capazes de fazer corar o Fernando Rocha, enfim o habitual.

Indecente

A primeira página do Independente desta semana, em que em aparece a fotografia de Freitas do Amaral com um nariz de palhaço, fórmula aceitável num suplemento satírico como o inimigo público, mas nunca num jornal "sério" como o Independente. A imagem pretende ilustrar a pretensa incoerência da posição assumida publicamente esta semana, através de um artigo na Visão, em que o mesmo faz uma declaração de voto no PS de J.Sócrates. Como se as ideias politicas não fossem passíveis de evolução, que o digam muitos dos políticos no activo que militaram em tempos em partidos com posições mais radicais, estou-me a lembrar por exemplo de Durão Barroso, Zita Seabra, Pacheco Pereira, Ana Gomes, Pina Moura etc, etc...ainda que este argumento possa ser atacado, nalguns dos casos citados, pela eventual imaturidade das pessoas em causa. Já o mesmo não se pode dizer de posições assumidas por elementos próximos do PSD, como por exemplo Pacheco Pereira e Rui Machete que, apesar de muito críticos da actual direcção do partido, declararam já publicamente o seu voto no partido de Santana Lopes, essas sim posições manifestamente incoerentes.

2005-01-27

P. - A orquestra tocava para quem?

R. - A nossa função era tocar todas as manhãs e todos os fins de tarde perto dos portões do campo, por vezes debaixo de temperaturas negativas. Os alemães gostam de música e de organização. Centenas de presos que faziam trabalhos forçados tinham de marchar ao ritmo da nossa música. As reacções deles eram variadas. Muitos diziam que era maravilhoso ouvir música e poder fechar os olhos e sonhar que se estava noutro mundo. Outros achavam ofensivo. Aos domingos dávamos um concerto e os alemães também costumavam vir. Tocávamos todo o tipo de música: êxitos populares, Schumann, Dvorak, árias de Puccini, Verdi, etc. Além disso tínhamos de estar disponíveis para tocar a qualquer hora para os SS que por vezes vinham ao nosso bloco com vontade de relaxar ao som de música depois de um dia passado a decidir quem iria ser mandado para as câmaras de gás.


No Público de hoje.

A lábia

Renovam-se a partir de hoje esperanças do encontro de soluções milagrosas para os problemas mundiais, mais carradas de diagnósticos mais ou menos acertados, boas intenções sem dúvida mas que têm tido como único efeito concreto a certeza de que para o ano haverá mais quer em Davos quer Porto Alegre.

Forum Económico Mundial

Uma associação internacional independente empenhada em melhorar o estado do mundo
reza o estatuto, sem grande sucesso (leia-se nenhum), digo eu.

Forum Social Mundial

articulação para ações eficazes
reza o estatuto, pois..., pois..., gaba-te cesto...

Parafraseando o homem a quem parece que aconteceu não sei o quê :

...falam, falam, falam, falam e eu não os veja a fazer nada, fico chateado, concerteza que fico chateado...

A propósito da posta anterior, recordo palavras de Saramago, dizia ele, confrontando a escrita no papel com a escrita em computador, que jamais uma lágrima manchará um e-mail, e o que dizer de uma posta manchada por baba e ranho.

xxxds xccccccccczxz,l'ç~
l'm i mk´'lMKJM, P+
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Z. O7DJK,MOIBO OIYYFCG UJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJKN

Posted by Raul

O Engenheiro Jardim Gonçalves vai deixar o BCP, quem lhe sucede é Paulo Teixeira Pinto, a este propósito a Antena 1 apresentava hoje nos noticiários da manhã uma peça, sendo a coisa mais relevante no curriculo do novo homem do BCP, deixada mais ou menos implicita pelo jornalista, o que resultava de umas declarações em que questionado sobre a sua eventual ligação à Opus Dei, este punha de lado quaisquer dúvidas, afirmando categoricamente pertencer à dita associação desde meados da década de oitenta.
Isto parece dar razão à opinião que corre na rua de que a Opus Dei é, tão só, associação, rodeada de muito secretismo (vá-se lá saber o que têm a esconder) de amigos que movem altas influências para se safarem na vida uns aos outros.
Está aqui um post que, de uma forma mais subtil, deixa esta mesma mensagem.

Augmentin, Ventoliber, Clavamox, Ben-u-ron, Brufen, Zoref e soro fisiológico

Alinhados no balcão de mármore da cozinha, são as armas de destruição maciça de gripes e outros que tais, resposta ao ataque em força que virus e bactérias nos movem desde o fim de semana, resto apenas eu, até agora, como único resistente.

2005-01-23

Quando lhe encaminho para a boca a colher do xarope acabada de encher, mesmo ali à porta da farmácia, um esboçar leve de um sorriso, substitui a expressão de desconforto causada pela dor
- Mas... ó pai, doi-me o ouvido.

2005-01-22

Cotidiano

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café

Todo dia eu só penso em poder parar
Meio-dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão

Seis da tarde como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão

Toda noite ela diz pra eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pra eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã


Chico Buarque

Isto com a música bate mais fundo.
Depois de um dia de trabalho, a caminho de casa, a estrofe a cheio acerta na mouche, no absurdo do quotidiano.

A lábia fala mas não faz acontecer

Compro
O DVD do debate entre o Louçã e o Portas.

2005-01-21

A situação de incerteza sobre a sustentabilidade do sistema de segurança social empurra, os que podem, para a poupança privada, dito de outra forma para a roleta da bolsa (lá se vai o subsídio de férias), quanto aos outros, salve-se quem puder.

Muito obrigado pela consideração

Percebi ontem que os programas transmitidos a partir da uma da manhã, são pensados para os que, como nós, têm miudagem que só adormece acompanhado, e que inevitavelmente arrastam a companhia - no caso, nós- sono adentro, lá por volta da uma e pico o sono alivia forçado pelo incomodo da estreiteza da cama e lá nos levantámos para um interludio que inclui, além duma bucha e dos dentes lavados o zapping pela programação transmitida a pensar em nós, os que dormimos em duas fases.
Já agora se não for pedir muito era ver se adiavam só mais meia hora a programação, porque desta forma só apanhámos metade dos programas, aconteceu-me isso ontem com o programa do FJV na dois.

Dois leões fugiram do Jardim Zoológico. Na hora da fuga,cada um tomou um rumo diferente, para despistar os perseguidores. Um dos leões foi para as matas e outro foi para o centro da cidade. Procuraram os leões por todo o lado, mas ninguém os encontrou. Tinham-se sumido. Depois de uma semana, para surpresa geral, o leão que voltou foi justamente o que fugira para as matas. Voltou magro, faminto e alquebrado. Foi preciso pedir a um deputado que arranjasse vaga no Jardim Zoológico outra vez, porque ninguém via vantagem em reintegrar um leão tão carcomido. Assim, o leão foi reconduzido à sua jaula. Passaram-se oito meses e ninguém mais se lembrou do leão que fugira para o centro da cidade, quando um dia, o bicho foi recapturado. E voltou para o Jardim Zoológico gordo, sadio, a vender saúde. Mal ficaram juntos de novo, o leão que fugira para a floresta perguntou ao colega: - Como é que conseguiste ficar na cidade esse tempo todo e ainda voltar com essa saúde? Eu, que fugi para a mata, tive que pedir clemência, porque quase não encontrava o que comer... Como é que... vá, como foi?" O outro leão então explicou: - Enchi-me de coragem e fui esconder-me numa repartição pública. Cada dia comia um funcionário e ninguém dava por falta dele." - E por que voltaste então para cá? Tinham acabado os funcionários?" - Nada disso. Funcionário público é coisa que nunca acaba. É que eu cometi um erro gravíssimo. Tinha comido o director geral, um director de serviços, um chefe de divisão, um chefe de repartição, um chefe de secção, funcionários diversos, e ninguém deu por falta deles! Mas, no dia em que eu comi o que servia o cafézinho...


Anedota neo-liberal enviada pelo Sequeira. Apela-se agora à versão em que o leão se refugia no ministério ou, porque não?, no gabinete de um qualquer conselho de administração.

2005-01-17

Imagine-se um concerto

A multidão empolgada, a banda arranca os primeiros acordes e o público, fiel conhecedor do repertório, em delírio, antecipa-se aos artistas entoando as letras das canções.
Foi assim ontem no Coliseu, à pinha, para ver o Gato Fedorento, mal abria o cenário e era perceptível o quadro que se seguia, fazia-se ouvir uma ovação estrondosa e à nossa volta ouviam-se vozes que iam antecipando as deixas dos actores, tal e qual como quem num concerto sabe de cor os éxitos da banda, quase vinha abaixo o Coliseu abaixo quando o Ricardo Araujo Pereira entra em cena de casaco verde, óculos descomunais e mãos atrás das costas e indignado descarrega

- Meu amigo, isto que aconteceu foi muito simples, meu amigo. O que aconteceu é que eu chego aqui e sou logo confrontado com certas e determinadas situações ...

Valeu bem a pena, confesso que ia um bocado desconfiado do que ia encontrar, mas depois do intervalo fui absolutamente apanhado pelo espectáculo, ri-me desalmadamente com a do empresário do Lusco-fusco.
Tal como nos concertos, o público não arredou pé enquanto não houve só mais uma, o que deu direito a mais duas.

2005-01-16

Quase dois meses

depois de pedida, obtive ontem a ligação ao ADSL da Oni (Oniduo), pela publicidade a ideia que fica é que, é só comprar o pacote que traz o telefone e o modem instalá-lo e está feito, pura ilusão, pelo meio há que preencher os formulários da praxe juntar cópia disto e daquilo, meter no correio e esperar sentado porque como me avisaram no atendimento no primeiro de muitos contactos que efectuei para saber como corria o assunto, demora cerca de 30 dias a activar o serviço, se correr bem, logo me avisou a senhora, curiosamente nada disto não vem referido no pacote, pelo menos de forma visível.
Passados uns dias recebo uma chamada, esfrego as mão de contente, pensando que seria para avisar da activação, afinal não é assim tão mau pensei, puro engano, era para me dar a triste notícia de que a central estava lotada e sendo assim não poderia ver-me livre da assinatura do telefone paga à PT, o preço do serviço no total mantinha-se pagando apenas o diferencial e as chamadas à Oni, restando o incómodo de ter duas contas mensais para pagar. Próximo do final do ano, tendo já decorrido um mês, recebo finalmente o código de acesso ao serviço ADSL, mas com o aviso de que o serviço seria "activado dentro de um prazo médio de 9 dias", passados os nove dias e mais alguns ligo para a Oni e ainda só estava activado o serviço fixo para o ADSL era preciso mais uma semana, seguiu-se ainda outra semana em cima dessa e mais uns tantos telefonemas quer para a Oni quer para a PT sem qualquer um deles me conseguir dar uma ideia concreta de como estava o processo, ontem já sem saber para que lado me havia de virar, decido instalar o modem, et voilá, a coisa já estava a funcionar, isto tendo eu falado horas antes para os dois operadores, sem qualquer deles me conseguir dar esta informação simples, apesar de terem consultado os sistemas informáticos, ao que parece ambos autistas.
Do que me pude aperceber a responsabilidade desta embrulhada, poderá ser dividida a meias pelos dois operadores.
Fala-se tanto da burocracia estatal, do tempo que demora a criar uma empresa ! Fosse isto um serviço público e, a funcionar desta forma, já teria sido demitido o ministro da tutela, daria direito a abertura do telejornal, audiência com o Presidente da Republica, debates parlamentares noite dentro, como não é, fica tudo ofuscado pela névoa da publicidade.
Estes obstáculos à disseminação da Banda Larga (que de larga tem muito pouco, refiro-me a num serviço que assegura a mísera velocidade de 512 Kbps, quando noutros países se navega correntemente e 16 vezes esta velocidade), criam condições favoráveis para o alargamento do fosso entre aqueles que potencialmente têm acesso a uma quantidade de informação que, de tão desmesurada, cria um novo problema que é o como gerir tamanho manacial, e os outros, os que permanecem do lado de fora, novos analfabetos destes tempos.

2005-01-14

A irmã do meio


Curiosas



As imagens que se têm visto a propósito da visita de Sampaio à China, o colorido, a forma de vestir, o movimento que se percebe de Pequim idêntico ao de muitas outras grandes cidades de outras latitudes, dir-se-ia que aderiram de corpo e alma à globalização. Curiosas porque o que normalmente aparece são os desfiles militares na praça Tianamen, as execuções exemplares nos estádios, os acidentes nas minas, imagens que quase nos fazem esquecer que viverão lá pessoas "normais" como nós com os mesmos anseios e aspirações.
Uma boa oportunidade, esta, para a imprensa nos brindar com um retrato mais abrangente da sociedade chinesa, que nos faça olhar com outros olhos para aquele lado do mundo.



Fotos retiradas daqui:
http://www.beijinghighlights.com/index.htm

Será que nasceste nos anos 60, 70 ou 80 ?

Como conseguiste sobreviver?
Os carros não tinham cinto de segurança, nem apoio de cabeça nem seguramente airbags.
No banco de trás era a festa, era"divertido" e não era "perigoso"
As barras das camas e os brinquedos eram multicolores ou pelo menos envernizadas e com tintas contendo chumbo ou outros produtos toxicos
Não havia protecção infantil nas tomadas eléctricas, portas das viaturas, medicamentos e outros produtos quimicos de limpeza.
Podia-se andar de bicicleta sem capacete .
Bebia-se agua da mangueira de rega , num chafariz ou não importa qualquer outro sitio, sem que fosse agua mineral saida de uma garrafa estéril ...
Faziamos carros com caixas de sabão e aqueles que tinham a sorte de ter uma rua asfaltada inclinada junto de casa podiam tentar bater records de velocidade e aperceberem-se, tarde demais, que os travões tinham sido esquecidos... Após alguns acidentes, o problema era normalmente resolvido!
Tinhamos o direito a brincar na rua com uma unica condição estar de volta antes de anoitecer. E não havia GSM e ninguém sabia onde estavamos nem o que faziamos... Incrivel!
A escola fechava ao meio-dia para almoço, podiamos ir comer a casa .
Arranjavamos feridas, fracturas e às vezes até partiamos os dentes , mas ninguém era levado a tribunal por isso. Mesmo quando havia grande bagunça, ninguém era culpado excepto nós mesmos .
Podiamos engolir toneladas de doces, torradas com toneladas de manteiga e beber bebidas com Açucar de verdade, mas ninguém tinha excesso de peso, porque estavamos sempre na rua.
Podiamos partilhar uma limonada com a mesma garrafa sem receio de contagio .
Não tinhamos Playstation, Nintendo 64, X-Box, jogos video, 99 programas de TV por cabo ou satelite , nem video, nem Dolby surround , nem GSM , nem computador , nem chat na internet , mas nós tinhamos.... amigos !
Podiamos sair, a pé ou de bicicleta para ir a casa de um colega, mesmo se ele morasse a vários km , bater à porta ou simplemente entrar em casa dele e sair para brincarmos juntos .
Na rua, sim na rua no mundo cruel! Sem vigilância! Como é que isso era possivel? Jogavamos futebol so com uma baliza e se um de nós não era seleccionado uma vez, não havia traumas psicologicos, nem era o fim do mundo!
Por vezes um aluno talvez um pouco menos bom que os outros tinha que repetir. Ninguém era enviado ao psicólogo ou ao pedopsiquiatra. Ninguém era disléxico, hiperactivo nem tinha " problemas de concentração". O ano era repetido e pronto cada um tinha as mesmas oportunidades que os outros.

Nós tinhamos liberdades, erros, sucessos, deveres e tarefas ... e aprendiamos a viver e a conviver com tudo isso.
A pergunta é então: mas como conseguimos sobreviver ? Como pudemos desenvolver a nossa personalidade ?
Serà que tu também és desta geração?

Se sim, envia esta mensagem aos teus contemporneos, mas também aos teus filhos, sobrinhos e sobrinhas, etc. para que eles vejam como era ,naquele tempo !

Eles vão achar que a nossa época era aborrecida .... ah, mas como eramos felizes !


Este texto recebido ontem à hora do almoço (emviou-mo a Mana), deixou-me bem disposto para o resto da tarde, tesos como uns carapaus sem a carapaça protectora que queremos impor aos nossos filhos hoje, não deixámos de brincar, e muito, e sempre na rua enfim está escrito em cima, e há muito mais barbaridades que faziamos e que não estão acima, ainda há dias, brincando, chamava irresponsável à minha mãe, precisamente por me deixar andar à solta dessa forma, recordava então um episódio em que com cerca de dez anos levei sozinho a minha irmã, que devia ter por volta de quatro, ao Palácio de Cristal ver um elefante, o bicho, que conheciamos apenas da TV, pertencia a um circo que estava em exibição, e aguardava a sua entrada em cena do lado de fora da cúpula ,acessível aos olhares dos mirones, depois de saciada a curiosidade esperávamos pelo início do espectáculo e moíamos a paciência ao porteiro até ele nos deixar entrar para a galeria, de borla claro.

Mais ração

A pediatra confirmou ontem, está franganito o Raul, daí que há que fazer dieta de engorda durante quinze dias, objectivo : aumentar 300 gramas ao peso, aumentar a dose de papa que é o que melhor come, daqui a quinze dias vamos à balança ver o resultado.
Reparou a pediatra que a energia demonstrada pelo Raul pode também ser a causa dos exíguos 6,750 Kg, não é de todo uma situação alarmante, merece apenas alguma atenção.
Estava febril e murcho hoje à minha chegada a casa, três vacinas (aqui, lê-se vácínas) num dia arrasam qualquer um, nada que um supositório não resolva.

2005-01-13

Seria bruxo?


Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...)

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...)

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e estes, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria.

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, a-pesar-disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)


Guerra Junqueiro, in "Pátria"

Enviado pelo Costa.
Confesso que nada li até hoje de Guerra Junqueiro, tenho apenas uma impressão, porventura errada, recolhida nalgum apontamento lido por aí, de uma personagem de segunda linha da literatura portuguesa. Tenho no entanto feito um esforço por me redimir do desdém com que na adolescência, essencialmente votada à cultura anglo-saxónica que nos era, e ainda é, imposta como norma pelos média, tratei os autores portugueses não contemporâneos.

Breves referências encontradas na rede:

Talvez o poeta mais popular da sua época, embora hoje se lhe reconheçam contradições e efeitos fáceis

Ao lado do franco-atirador caminha o Poeta, com a mais fina sensibilidade e docilidade.



http://www.arqnet.pt/dicionario/guerrajunqueiro.html

Pela amostra, más linguas, diriam que hoje se estivesse entre nós Guerra Junqueiro concorreria às eleições de 20 de Fevereiro próximo pelas listas do Bloco !!

2005-01-11

Novidades
Têm ficado muitas novidades por referir acerca do Raul, o tempo passou mais depressa do que com os manos, sendo o terceiro, as novidades são relativas, o que seriam motivos de muita preocupação ou alegria são agora menos, uma vez que se repetem as situações e naturalmente há muito menos insegurança da parte dos pais. Ainda assim existiram com todos eles haver aspectos únicos, estou-me a lembrar da Gabriela que, quando chegou a altura de tomar leite pelo biberom, pura e simplesmente recusava o objecto, ficámos apreensivos e, para nossa surpresa, aprendeu a beber por uma palha, apesar de não ter ainda um ano de idade, o Raul também nos trocou as voltas com a chupeta que tardava em aceitar, depois de habituados ás chupetas de borracha da Gabriela, seguimos o mesmo caminho com o Raul, mas ele parecia ter uma mola na boca e a chupeta tão depressa entrava como saltava para fora, até que testámos uma de silicone, já ele tinha quase um mês, e a coisa resultou, para nosso descanso diga-se.

Um aspecto que sobressai no Raul, é o seu constante e irresistível sorriso, com a boca aberta e o nariz franzido, venha quem vier tem sempre um sorriso aberto, mesmo para as pessoas da rua que se cruzam com ele e que não deixam de lhe fazer uma atenção. Está nesta fase com quase sete quilos, não é nada gordo comparado aos manos, por esta altura eram bochechudos e cheios de pneusinhos, ainda tem pouco cabelo do qual de adivinha a côr castanho claro, ainda não são evidentes caracois como abundavam, e ainda abundam, no Daniel e ao contrário deste tem a pele muito clara, aspecto que as pessoas reparam sempre aludindo às remotas origens africanas da mãe. Já come, desde Dezembro, papa, sopas simples de digerir ainda sem carne ou peixe e alguma fruta ralada, neste aspecto devo referir que é lambareiro, come com satisfação a papa e a fruta mas já quanto à sopa é preciso alguma manha e muita paciência, intercala-se com umas colheres de fruta para ela ficar lá dentro.
Também já está na creche desde o início do ano, e correu bem a adaptação, graxista, lá comprou com o seu sorriso educadoras e auxiliares, é muito activo reparam elas, também já repararam que é preciso paciência para o fazer engolir a sopa, também nos parece ser bastante activo, talvez para isso contribua o facto de ser relativamente franzino, faz força para ficar sentado na espreguiçadeira quando o tentámos empurrar para trás, adora que o tenham de pé, não parando de dar com os pés em quem o segura no colo.
Já me ia esquecendo, faz hoje seis meses.

2005-01-06

Correioverde

É o novo poiso da Ferreira que hoje levantou vôo novamente, agora cá ficámos nós a torcer por ela e a aguardar notícias do país das tulipas.
Toda a sorte do mundo para ela.

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