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2004-04-28

Liberdade para Isabel do Carmo e Carlos Antunes, estava escrito a pincel na parede da Ordem de S. Francisco, no sítio em que a Rua do Comércio do Porto que ladeia o edifício da Ordem recebe entroncada a Rua de S. João Novo, descendo esta, obrigatoriamente fitávamos essa frase durante algumas dezenas de metros, até que, chegando ao entroncamento virávamos para a esquerda ou para a direita, terei passado lá antes e depois de saber ler, a escola ficava a poucos metros e foi seguramente das primeiras frases que li, pelo prazer de experimentar o novo saber, indiferente ao conteúdo, como liamos os reclames das lojas, lembro-me de ir no eléctrico para a praia e de os saber a todos pela ordem, do Infante até à Foz e de competirmos entre nós para ver quem era o primeiro a dizer o próximo.
A Isabel do Carmo conheci anos mais tarde quando fazia uma rubrica sobre nutricionismo num programa da Teresa Guilherme (o Eterno Feminino), que eu via com gosto !! , e custou-me a ligar a figura de então à potencial terrorista que terá sido, surpreendeu-me que, por trás daquela figura aparentemente moderada que falava com conhecimento de causa, das hormonas, dos aminoácidos e das enzimas, estar alguém que terá ido quase até ás ultimas consequências pela vertigem de um mundo melhor.
A sua passagem pela prisão, não se deveu a cumprimento de pena uma vez que terá sido ilibada, segundo ouvi anteontem na Antena 1, daí que, também por isso não faça qualquer sentido a birra do PP em não comparecer à cerimónia da entrega da ordem da Liberdade, uma insígnia que pretende reconhecer o Mérito na luta pela Liberdade, ainda por acrescento sendo tão ardentes defensores da distinção pelo mérito.
Um aspecto curioso (uma heresia), defendido creio eu, pelas Brigadas Revolucionárias onde terão militado a Isabel do Carmo e o Carlos Antunes, que também ouvi defendido por Otelo estes dias na televisão, foi um sistema político, eventualmente á esquerda da PC, um tipo de democracia directa, sem intervenção de partidos políticos, de que desconheço os pressupostos filosóficos, mas ainda não é tarde, urge portanto alguma arqueologia sobre os movimentos políticos que pintavam a pincel as paredes, naqueles dias quentes de 74 e 75, dos quais apenas retive algumas siglas. Curioso porque, tendo retido apenas algumas figuras daqueles tempos, confesso que tenho alguma dificuldade em materializar um sistema político mais á esquerda, mais curioso ainda é o facto da História registar que o PC não terá ido mais longe nas suas pretensões devido a esses movimentos ultra-esquerdistas, que terão pulverizado as posições á esquerda, levando ao predomínio das correntes reaccionárias e fascizantes (terminologia datada), que nos governam até à data..



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