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2004-04-18

Não encontro

Qualquer poema do Rui Belo que encaixe com as referências do F.Alves nos Sinais (TSF) de Quinta-feira passada.



Cheguei aqui hoje convencido que, iria partilhar aqui as palavras dessa crónica, mas não estava lá o texto só o som ( vale a pena ouvi-la aqui), maravilhado pude ouvi-la novamente pelos headphones, apesar do ruido de fundo entre o ucraniano e o português.
O texto enquadra-se na temática da validade da procura da utopia hoje, que animou a contenda entre o Aviz e o Terras do Nunca (ver ligações) de que dei notícia aqui recentemente.
O F.Alves assume-se cúmplice de uma geração que pensou que o mundo precisava de uma volta, e que tinham sido eles os escolhidos para isso, na ressaca dessa impossibilidade desagua depois em Camus, e parafraseando-o remata que, perante a impossibilidade de mudar o mundo, nos concentremos em evitar que ele se desmorone. Dito como é seu timbre, não desta forma seca, mas como música para os ouvidos.

Quanto á contenda, o Terras do Nunca deu esta réplica, que, apesar de carregada de algum pessimismo, me parece bastante válida, porque deixa a porta aberta para outros recomeços.

É assustador o que lembra o Aviz - as utopias como lugar de supremo totalitarismo. O que nos deixa tragicamente desamparados, entregues à vidinha.
Há um pessimismo na frase de Steiner que gostaria de recusar. Porque gostaria de pensar que, apesar de tudo, de todos estes séculos de pensamento e cultura em cima, ainda não demos a volta completa a nós próprios, ainda não fomos ao fundo, ainda não percebemos a verdadeira natureza do nosso ser. Temo, no entanto, estar errado.


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