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2004-05-13

Há 3 anos neste dia era Domingo

Seguindo as indicações do porteiro, atravessaram a labiríntica parte nova do hospital, silencioso ,deserto e à média luz, depois de transporem o corredor que dá acesso à parte antiga ainda mais soturna, subiram a escadaria de granito que dá acesso ao piso de cima, nos últimos degraus, uma paragem mais para outra contracção, cada vez mais fortes. Chegados à enfermaria, uma enfermeira respondeu ao toque da campainha, e recebeu-os cordatamente, ela se adereçou-se convenientemente, e ele teve que sair para o corredor, depois de um beijo e um até já.

Ele sentou-se então num banco do corredor, e preparou-se para a espera, do bolso do casaco tirou a Utopia de More, que tinha apanhado à saída de casa da estante, e foi passando os olhos tentando contrariar a ansiedade. No corredor uma porta dá directamente para a sala de parto, através dela pode-se ouvir o som de uma televisão ligada, com que as médicas parteiras distraem o sono, para elas mais um dia de trabalho como outro qualquer, sem história, para o casal um dia solene.
Avé, avé, avé Maria, é o que ele distingue através da porta vindo da televisão, é a procissão das velas no santuário de Fátima.

Pouco mais de meia hora, e umas poucas páginas lidas, começa a ouvir as médicas do outro lado da porta - Força, força ! seria para ela, pensou, já com o ouvido colado à porta, - Força A... está quase ! ela soltou um gemido forte de dôr, e pelo diálogo lá dentro pode perceber que já tinha nascido, era próximo da uma e meia da noite. Pouco tempo depois a enfermeira veio à porta e confirmou - Já nasceu, está tudo bem, e daqui a um bocado já vai vê-la.- E a mãe? perguntou ele preocupado, está bem, -levou pontos? voltou ele à carga, poucos disse ela, acenando afirmativamente com a cabeça.
Uma vez mais o ouvido encostado um médico no interior pergunta à mãe, como é que se vai chamar a menina ? - Gabriela, diz a mãe, então vai ser Gabriela Fátima, retorquiu ele bem disposto, procurando descontrai-la.

Passada cerca de meia hora, chegou finalmente o momento ansiado de ver a menina, a enfermeira fé-lo entrar para a enfermaria e trouxe as duas à sua presença, a mãe ainda pouco refeita do esforço, que um sorriso aberto não deixava transparecer, vinha numa cadeira de rodas. A filha, depositou-lha a enfermeira de imediato nos braços, ele, já experiente não se fez rogado e aceitou com felicidade o rebento.

Para a posteridade, fica esta testemunha do momento, que a enfermeira amávelmente registou.







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