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2004-12-29

Espírito de Natal

Tal como já fizera no ano passado, divorciei-me cedo dos lençois e desci à baixa no dia 24, instalei-me no café da Fnac de Sta.Catarina, aquela hora ainda sem ninguém, o objectivo era imbuir-me do espírito natalício, isto pode parecer um sacrilégio mas o meu imaginário do Natal anda de mão dada com a imagem da multidão frenética que povoa Sta.Catarina e arredores nestes dias que o antecedem, há anos em que vimos à noite, propositadamente, para comungarmos deste frenesim, que se desenvolve enquadrado pela iluminação e pela animação sonora alusivas à época. Esta situação tem raizes em tempos recuados, quando ansiava pela excursão familiar, já no período em que as lojas abrem a seguir ao jantar, para dar uma última espreitadela nas montras dos bazares Londres e Paris . Em anos já mais próximos, este era um dia aborrecido, os salões de jogos fechavam cedo, deixando a cambada sem ocupação, então escoávamos a tarde, deambulando pelas ruas da baixa sem objectivo, assistindo ao rarear das pessoas que se acentua à medida que chega a noite, ficando a cidade quase deserta sob a iluminação.
De volta ao dia 24/12/2004, na ausência dos jornais do dia, acompanhei o café e o cigarro, com o livro que estava à mão no escaparate; a fotobiografia de António Lobo Antunes, sem grande entusiasmo inicial, visto ser um género que, tal como os livros de crónicas, olho sempre com desconfiança, vendo apenas uma forma de, na falta de inspiração para novas criações, embolssar algum com pouco esforço, surpreendeu-me e prendeu-me durante quase duas horas de muito prazer e sentimento, pena os quase 40 euros do preço, fiquei-me assim pelo segundo livro de crónicas que comprei para oferecer à biblioteca caseira e conhecer mais um pouco do homem de quem tinha apenas, não sei onde adquirida, a imagem de uma postura um pouco arrogante.
O princípio da noite apanhou-nos, a mim e aos miúdos mais crescidos, em usofruto solitário das capacidades da praça D.João I como pista de aviação, ensaiando os aviões com que o compadre presenteara o Daniel. Era vê-los extasiados a correr para o varandim fronteiro ao Palácio Atlântico e lançar os aviões que, depois de diversas acrobacias, aterravam no pavimento liso da praça. Perfeito o campo de aviação e este fim do dia, com os miúdos, como ante-câmara da ceia que se seguiu, e a que eles, como actores principais, deram todo o brilho.

Comments:
Tá tudo?
É só para mandar aquele abraço e dizer que lá se vai conseguindo sobreviver sem net, ainda que a muito custo. Já agora acrescento que por estes lados os computadores nem sequer possuem leitor de CD, quanto mais portas USB. Dá para acreditar? Pois acredita, que é verdade.
Que saudades já tinha daquelas incursões diárias pelo teu blog e que bem que soube cá voltar. Como imaginas o tempo disponível e os meios são escassos, mas sempre que possa cá estarei. E no resto do tempo estarei sempre presente, quanto mais não seja, em espírito.
Um grande abraço e beijos para a comadre e,desta vez por ordem de idades, para não haver reclamações, para o Daniel, Gabriela e Raul.

Compadre

P.S. Espero que os aviões tenham aguentado, para o Daniel me fazer uma demonstração.
 
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