<$BlogRSDURL$>

2004-12-31

De volta ao local do crime

Com a Mãe, para partilhar os nós na garganta que me provocaram o folhear demorado da Fotobiografia do A.Lobo Antunes, está aqui um exemplo (na fotobiografia aparece o original, escrito à mão, o que lhe dá um cunho mais personalisado que parece acentuar ainda mais o peso emotivo do texto), outro está cá em casa no segundo livro de crónicas dedicado ao avô - Dia de Santo António-.
Nestes casos como ainda noutros, ex.Cardoso Pires e Melo Antunes, está presente a expressão da dor da perda, o balanço de uma relação face à morte, o que foi e o que não foi feito ou dito.

2004-12-29

Apareçam sempre

... alguns "amigos" da associação: o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, o governador civil do Porto, Manuel Moreira, o secretário de Estado da Segurança Social, Marco António Costa, e os presidentes das câmaras municipais de Gaia e de Matosinhos, Luís Filipe Menezes e Narciso Miranda, respectivamente.

As aspas que o Jorge Marmelo deixou a enfeitar os amigos dizem tudo o que haveria a dizer.

Espírito de Natal

Tal como já fizera no ano passado, divorciei-me cedo dos lençois e desci à baixa no dia 24, instalei-me no café da Fnac de Sta.Catarina, aquela hora ainda sem ninguém, o objectivo era imbuir-me do espírito natalício, isto pode parecer um sacrilégio mas o meu imaginário do Natal anda de mão dada com a imagem da multidão frenética que povoa Sta.Catarina e arredores nestes dias que o antecedem, há anos em que vimos à noite, propositadamente, para comungarmos deste frenesim, que se desenvolve enquadrado pela iluminação e pela animação sonora alusivas à época. Esta situação tem raizes em tempos recuados, quando ansiava pela excursão familiar, já no período em que as lojas abrem a seguir ao jantar, para dar uma última espreitadela nas montras dos bazares Londres e Paris . Em anos já mais próximos, este era um dia aborrecido, os salões de jogos fechavam cedo, deixando a cambada sem ocupação, então escoávamos a tarde, deambulando pelas ruas da baixa sem objectivo, assistindo ao rarear das pessoas que se acentua à medida que chega a noite, ficando a cidade quase deserta sob a iluminação.
De volta ao dia 24/12/2004, na ausência dos jornais do dia, acompanhei o café e o cigarro, com o livro que estava à mão no escaparate; a fotobiografia de António Lobo Antunes, sem grande entusiasmo inicial, visto ser um género que, tal como os livros de crónicas, olho sempre com desconfiança, vendo apenas uma forma de, na falta de inspiração para novas criações, embolssar algum com pouco esforço, surpreendeu-me e prendeu-me durante quase duas horas de muito prazer e sentimento, pena os quase 40 euros do preço, fiquei-me assim pelo segundo livro de crónicas que comprei para oferecer à biblioteca caseira e conhecer mais um pouco do homem de quem tinha apenas, não sei onde adquirida, a imagem de uma postura um pouco arrogante.
O princípio da noite apanhou-nos, a mim e aos miúdos mais crescidos, em usofruto solitário das capacidades da praça D.João I como pista de aviação, ensaiando os aviões com que o compadre presenteara o Daniel. Era vê-los extasiados a correr para o varandim fronteiro ao Palácio Atlântico e lançar os aviões que, depois de diversas acrobacias, aterravam no pavimento liso da praça. Perfeito o campo de aviação e este fim do dia, com os miúdos, como ante-câmara da ceia que se seguiu, e a que eles, como actores principais, deram todo o brilho.

Comprem, comprem ...

A campanha do PSD está a ser organizada com os serviços do técnico de marketing brasileiro, Einhart Jacome da Paz, que foi contratado, pela primeira vez, por Santana para a sua campanha eleitoral em Lisboa, em 2001. Depois, fez também a campanha para as legislativas antecipadas de Março de 2002, em que trabalhou com Durão Barroso.

Publico de 28/12

Chamem-me nomes, ingénuo se quiserem, mas custa-me a engolir esta forma de vender políticos como quem vende meias Baiona, aquelas, que dão da ponta dos pés até ... .

2004-12-21

Manigâncias

Há três anos por esta altura Guterres tomava consciência do novelo em que se tinha enrolado ao pretender governar seis anos em minoria, sujeitando-se a uma sucessão infindável de negócios parlamentares para fazer passar qualquer medida legislativa na Assembleia da Républica. Foi uma experiência nova na nossa democracia desde o 25 de Abril, a de um Governo minoritário a decorrer numa fase da estabilidade institucional, e que, apesar do relativo desafogo económico se revelou desastrosa.
Iniciava-se então o período da obsessão do défice, do Portugal de tanga, manigâncias era então um termo na moda para apelidar a forma criativa como o Governo socialista teria feito passar as nossas contas públicas em Bruxelas, durante o seu Governo. Situação aliás identica em muitos outros paises da U.E., enfim, quase se pode dizer que cada um fez o que pode para contornar o pacto de estabilidade, no entanto os que lhe haveriam de suceder fizeram cavalo de batalha sem tréguas desse facto, situação aceitável sublinho, o que é de lamentar é que depois de tanta treta do défice, três anos depois estamos no mesmo ponto.
A propósito relembro, uma vez mais, que o problema, real, do défice tanto se resolve pela via da diminuição das despesas, que parece ser sempre a única via em cima da mesa, como pelo aumento das receitas, haja coragem e imaginação para isso.

O post saiu de baixo sem o link (já corrigido), já agora aproveito, no mesmo contexo, para sugerir este.

O inconfundível Pôr do Sol do Moxico

Absolutamente fantástico.



Além do petróleo e dos diamantes estas fotos revelam um potencial turistico imensurável, é urgente aproveitá-lo, antes que desapareça a memória destes locais que ainda vive em muitos dos portugueses.

2004-12-17

Nostalgia

Quando penso que já dificilmente serei surpreendido pela utilização dada aos blogues, eis a última : matar saudades.
No breve passar de olhos que lhe dediquei, pareceu-me apenas isso, a necessidade de partilhar esse saudiosismo, sem qualquer acidez politizada, como acontece muitas vezes.
Alheio ao interesse não será o facto de, tambem eu, ser por vezes confessor desta saudade, de quem por essas terras criou raizes bem fundas, crendo firmemente num futuro a que a História baralhou.

2004-12-11

Ma...dei...ra

Decorria a negociação da sobremesa, eu tinha para dar o pai natal de chocolate, além disso era-me exigida a banana que estava ali mesmo à mão;
-Porque que é que não posso comer a banana?
-Porque a banana tem muito power.
Negociador hábil e persistente ele não desarmava;
-O que é isso?
-Faz-te mal aos diabetes.POWER, ora lê! não é o que diz no autocolante?
Atirei-lhe o repto, tentando desviar a atenção da gula, sabendo de antemão que o seu abcedário ainda só tem as vogais, e das consoantes apenas o p e o t, continuamos a refeição alheios ao seu esforço.
Para nossa surpresa, silaba a silaba ouviu-se perfeitamente o nome da ilha.




Apenas curiosidade sociológica

Achei piada a esta :

As fronteiras, salientou, mantêm uma "função simbólica". Os homens encetam autênticas "peregrinações" para ir às prostitutas. É como se a distância "atenuasse a culpa". "A fidelidade prescreve aos 300 quilómetros", alegou um cliente.








As elites e os outros

Tem-se discutido muito, a propósito da salgalhada do nosso Governo, a problemática das élites.
A este propósito dizia há dias na Antena 1 o Prof.Carlos Amaral Dias que a racionalidade só diz respeito às élites, na mesma onda, expressão que também já li de Pacheco Pereira é que nem todos podemos ser filósofos, num registo mais próximo aconselhava-me há tempos um colega de almoço a não dar gorjeta, senão, afirmava ele em tom sério, os empregados estabelecem-se, e é preciso quem sirva às mesas.
Eu, deixo já claro que, não abdico de usar a pouca massa cinzenta de que fui dotado.

Metade das Crianças do Mundo Vive na Pobreza

... um em cada dois meninos vive em situação de pobreza, sem alimentação adequada, sem acesso à educação e a água potável - em suma, privado de viver a infância como a outra metade dos que moram, muitas vezes, na mesma rua.


Ruas muito distantes de nós estas, de outra forma, o problema ganharia outra prioridade na agenda política internacional.
Confesso que não acompanho o panorama musical em voga entre a juventude, mas ainda sou do tempo em que questões destas eram trazidas para as manchetes noticiosas pelos nomes de top da música. Está bem, pode-se dizer que tudo ficou na mesma apesar disso, aceito que sim, mas pelo menos não podiamos dizer que não sabiamos, hoje nestes dias em que os nomes da música são, cada vez mais, como pastilha elástica (mastiga e deita fora), esse espírito caiu e, este cancro já nem esse efémero despertar de consciências parece valer.

Metam as cadeiras de rodas no ...

2004-12-04

Dogville



Um filme angustiante (não será o termo exacto mas não me ocorre melhor) do princípio ao fim, no início porque espero a todo o tempo que o cenário teatral se converta em real, perdidas as esperanças mergulho na situação kafkiana em que se vê mergulhada a personagem, aceitando todos os atropelos à sua dignidade de uma forma absoluta e incompreensivelmente passiva. No final tudo fica surpreendentemente claro, mas não é fácil resistir, encolhidos no sofá todos acabámos por passar pelas brasas, os mais pequenos até amanhã, os maiores despertaram com a tensão do final.
Até onde a ignorância das pessoas pode, se é que pode, desresponsabilizar os seus actos, penso ser este o mote do filme.
O último diálogo é brilhante e perfeitamente demonstrativo dos dilemas que se geram quando se pensa o livre-arbítrio. Quem é mais arrogante, se o que com tudo condescende na perspectiva de que eles não sabem o que fazem, ou o outro que no extremo oposto assume que independentemente do contexo que as envolve, as pessoas não têm desculpa para não serem responsabilizadas.

Outras opiniões:

...se aquilo que se procura for criatividade, mestria e algo que faça pensar... entao este será um dos melhores filmes a ver.


é uma fábula sobre o comportamento dos homens, sobre o que envolve a sua vida em comunidade, sobre a tensão que se estabelece entre a escolha individual e a norma colectiva, sobre as motivações que determinam em cada um a noção do bem e do mal

2004-12-02

Poema para Galileo

(...)
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
(...)

António Gedeão




E assim foi


Artigo 133.º
Compete ao Presidente da República...
(...)
e) Dissolver a Assembleia da República, observado o disposto no artigo 172.º, ouvidos os partidos nela representados e o Conselho de Estado;
(...)
g) Demitir o Governo, nos termos do n.º 2 do artigo 195.º, e exonerar o Primeiro-Ministro, nos termos do n.º 4 do artigo 186.º;

Artigo 195.º
(Demissão do Governo)

(...)
2. O Presidente da República só pode demitir o Governo quando tal se torne necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas, ouvido o Conselho de Estado.

(C.R.P.)


Fica-se a aguardar, com alguma curiosidade, a justificação do P.R., irá ele exemplificar com situações concretas ou ficar-se-á por generalidades? Palavras que terão que ser escolhidas à lupa.

Eis, entretanto, o Messias, aguardado por alguns :







Há uma pergunta que se impõe quando pensamos nas desigualdades de desenvolvimento entre os paises do norte e os paises do sul, é a seguinte:

- Serão que os níveis de desenvolvimento dos paises do norte conseguidos exclusivamente à custa da manutenção do statu quo nos paises do sul ?

Os cursos de economia das nossas universidades estão sobrepovoados de gente que deveria ser capaz de, pelo menos, pensar este assunto.



Nigéria Fonte

http://www.worldcityphotos.org/

This page is powered by Blogger. Isn't yours?